origem dos cães

A origem dos cães

fevereiro 2, 2017 4:26 pm Publicado por Deixe um comentário

De onde vieram os cães? Quem são seus antepassados? São perguntas que fazemos seja por pura curiosidade, seja para buscar compreender o amigo de quatro patas que temos em casa. Será que ao estudar os antepassados podemos entender o comportamento dos cachorros?

Pesquisas recentes mostram que cães e lobos são muito parecidos, pelos menos no que se refere ao DNA: ambos compartilham 99,96% dos seus genes. Análises mais aprofundadas revelam que os cachorros atuais descendem total ou quase inteiramente do lobo cinzento, que se encontra na Europa. De fato, as semelhanças anatômicas são evidentes.

Embora seja tentador presumir que, com tamanha proximidade genética, cães e lobos tem comportamentos parecidos, é bom levarmos em conta que o DNA especifica a estrutura de proteínas e outros constituintes das células. Não se sabe, portanto, como DNA e comportamento interagem. Um exemplo, citado no livro ‘Cão Senso”, de John Bradshaw: chimpanzéz e bononos compartilham 99,6% de seu DNA e apresentam comportamentos sociais completamente diversos. Chimpanzés são onívoros (comem carne e vegetais), caçam outros símios, fazem alianças entre os machos e são bastante agressivos. Já os bononos são vegetarianos, pouco agressivos e apresentam uma estrutura social centrada em grupos de fêmeas.

Da mesma forma, cães e lobos apresentam estruturas sociais bastante diversas. Cães são propensos a viver em matilhas maiores, são mais favoráveis a conviver com humanos e apresentam comportamento sexual promíscuo. Já as alcateias são formadas por poucos lobos – geralmente consanguíneos – pouco ou nada promíscuos e evitam contato com humanos.

As razões para essa diferença estão longe de ser esclarecidas e a domesticação parece ter tido papel importante. Mas ainda fica a pergunta: o que explica a diferença comportamental entre cães e lobos? Os lobos não seriam propensos à domesticação, assim como os cães?

Bradshaw propõe olharmos mais atrás no tempo evolutivo, olhando a família Canidae, de onde cães e lobos descendem. O consenso atual, diz o autor, associa o genoma canídeo a “… um canivete suíço, um kit de ferramentas sociais que permaneceu resistente à mudança evolutiva e pode ser usado para lidar com uma ampla variedade de circunstâncias, variando da vida solitária, quando os tempos estão difíceis, até a constituição de sociedades complexas, quando a comida é abundante e a perseguição é mínima”.  O uso desse “kit” de ferramentas sociais dos canídeos deu a chance aos cães domésticos não apenas de se socializar com outros cães, mas também com humanos.

Aqui, um parênteses: fico particularmente preocupado quando vejo programas de TV estudando comportamento de lobos – geralmente em cativeiro, ou seja, num ambiente artificial – ou mesmo de cães em canis, colocados em situações atípicas, e associando-os diretamente aos cães domésticos. Normalmente esses programas dizem respeito à dominância, e um sujeito que se auto denomina “chefe da matilha/alcateia”, impõe pela força sua autoridade e mantém os indivíduos do grupo sob controle. Ou falso controle. A lógica por trás desses programas consiste no seguinte: ou você domina seu cão, ou você é dominado por ele.

Parece prematuro reduzir um tema tão amplo a termos como dominante/dominado, liderança/submissão. Se pegarmos estudos com lobos europeus no ambiente natural, vemos uma sociedade muito mais colaborativa do que mostram os estudos em cativeiro. Os “alfa” nada mais são do que os pais biológicos, o que, do ponto de vista evolutivo, faz todo o sentido.

Aqui na nossa creche para cães, observamos que, em vez de dominância, alguns cães assumem o protagonismo para determinadas atividades. Assim, nas brincadeiras alguns tomam a iniciativa, outros na hora da refeição, solicitar carinho, etc. Aos profissionais, cabe a função de orientar as atividades, além de conter um ou outro cão mais agitado que queira “atrapalhar” a diversão do amigo.

Com o desenvolvimento da tecnologia de rastreamento de animais na natureza, técnicas de mapeamento de DNA e novas descobertas arqueológicas, muitas informações sobre a origem dos nossos amigos aparecem a cada dia. Estaremos sempre atentos, procurando dividir o conhecimento e ajudar na construção de um mundo onde humanos e cães possam conviver em harmonia.

 

Abraços e até a próxima!

Ricardo

11 9.4197-7799

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Este artigo foi escrito porRicardo Assumpção

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