O amor do seu cãozinho
janeiro 30, 2017 11:58 am Deixe um comentárioSei que entre você e seu amigo canino existe uma ligação especial. Você cuida dele, ele cuida de você, ambos reconhecem isso e o demonstram por meio de gestos de afeto. Segundo John Bradshaw, no excelente livro “Cão Senso”, “… os cães nascem para se tornarem amigáveis com gente, mas isso só acontece se eles conhecerem gente amigável quando ainda são filhotes”.
De fato, existe um período crítico para que o conhecimento – e reconhecimento – aconteça. Esse período varia de animal para animal. Imagine se, na natureza, um patinho recém-nascido demorar para reconhecer sua mãe e se tornar “amigo” de outros animais? Sua chance de sobrevivência será bastante pequena. Esse reconhecimento se dá através do que os cientistas chamam de processo de “estampagem”. É isso mesmo. O patinho, no caso, “estampa” a imagem de sua mãe e passa a segui-la.
Nos cães, esse período de reconhecimento, ou “período sensitivo”, tem início na terceira semana de vida e se alonga pelos primeiros meses. E um dos aspectos mais impressionantes nos cães filhotes é que, ao contrário da grande maioria dos mamíferos, podem “estampar” vários outros seres, ampliando sua capacidade de socialização. Assim, se você pega seu cãozinho ainda filhote (com o devido cuidado de não retirá-lo tão cedo da ninhada, evitando prejudicar sua socialização com outros cães. Procure um veterinário e se informe sobre a idade correta de adotar ou comprar um filhote) e o faz ter contato com outros cães, gatos, crianças, adultos, seu amigo terá muito a ganhar. E, saudável e socializado, vai retribuir ainda mais o amor que sente por você!
Mas e o cão adulto? Aquele seu amigo que você tirou da rua, deu comida, carinho e que parece retribuir o amor incondicionalmente? Não conheço estudos a respeito, mas me parece que a capacidade de reconhecimento dos cães vai além desse “período sensitivo”. É claro que, quando recebemos cães novinhos aqui na creche para cães, sua adaptação à matilha é fácil. Em dois ou três dias já estão pulando, brincando, comendo e se divertindo com os outros. Mas também recebemos “jovens senhores e senhoras”, com mais de dez anos de idade, que muitas vezes se adaptam tão bem quanto cães mais novos.
Você pode pensar “Ah, mas os donos os socializaram desde cedo”. É bem possível. Então me permita dar um exemplo de um vira-lata de rua que adotamos aqui, a quem demos o nome de Hatchi. Quando chegou, o veterinário disse que ele deveria ter uns dois anos de idade e que provavelmente viveu na rua por muito tempo. Quando o Hatchi chegou na creche estranhou outros cães. Não sabemos seu histórico, portanto demoramos até entender alguns gatilhos e objetos de sua agressividade. Hoje, mais de um ano depois de fazer parte da família, tornou-se um dos nossos anfitriões. Recebe os outros cães e nos ajuda no processo de socialização de novos “amigos”.
O que nossa prática mostra é que, não importa a idade, sempre há tempo para seu cão se socializar. Basta respeitar o processo individual. Se você não tem condições de fazer isso (seja por falta de tempo, espaço ou mesmo não se sente à vontade), profissionais competentes e espaços adequados podem ajudá-lo nessa tarefa.
Já recomendei o livro “Cão Senso”, de John Bradshaw, em outros posts. Vale a pena ler, pois aborda de maneira clara e inteligente temas de interesse de quem tem cães em casa, como o afeto entre cachorros e seres humanos. Escrito em português, pode ser encontrado nas principais livrarias.
Abraços e até a próxima!
Ricardo
11 9.4197-7799
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Este artigo foi escrito porRicardo Assumpção